Zigurate
Teu corpo edificou na minha vista
uma torre de Babel sob meus ombros
que mais do que sonho de artista
esfacelou minha língua e meu passado
Tua vontade em mim destruiu os laços
de mim mesmo com o mundo e tudo
Tua opulência magna tomou os espaços
e cegou-me a vista, tornou-me imundo
Sem querer agora perdi minha forma
e da vida a identidade que eu tinha
minhas veias clamam e meu espírito ruge
Pra onde vou não sei mais... e ir
é perder-me em meus labirintos
Fiquemos quietos, e que o tempo nos enterre