UM TIETE [XCIV]
Eu me fiz tão seu fã, seu amador, não sei,
e um tiete da atriz chegada à hora certa,
no ensejo em que minh’alma andava já deserta,
e sem sal, como os olhos tristes de um nissei.
Prego cartaz no vento que me está desperta
a vida de vassalo, dantes que amarguei,
tal se, por longo jugo, sob os pés de um rei,
ao ter no peito a lança, numa chaga aberta.
Hoje, que a primavera traja cores novas,
eu lhes divulgo que, por tudo o que me arde,
dela (da minha amada) vem-me o sol das trovas.
Pois, enfim, com vigor, explode-me sem calma
a paz de vê-la, às vezes, mas somente à tarde,
quando amá-la constante é que me cobra a alma.
(Setembro de 1997)
Fort., 29/08/2009.