SINGELEZA
Oculta em seu jardim, a violeta afirmava
sentir-se bem feliz naquela solidão
e sempre mui sozinha a dor imaginava
daqueles que na vida amam só projeção.
Fitando cada flor, jamais desanimava
ao sentir seu tamanho e o roxo da paixão,
que a muitos traz angústia; e em lágrimas ficava
vendo tanto amargor, sem nenhuma razão.
Mal sabia a florzinha, espargindo humildade,
que a tantos dava só enorme dignidade,
procurando apagar as formas de grandeza,
a lembrar que na vida apenas um caminho
nos leva sempre a crer que, pleno de carinho,
o homem será feliz amando a singeleza.
(Soneto alexandrino)