O TUDO E O NADA II
E se o tudo que foi nosso um dia
perder-se em nada, num vazio a esmo
Será que o tudo vai-se na alegria?
Ou será que o tudo vira um nada mesmo?
Preencher coisas, dizendo que é tudo,
talvez só seja preencher o nada
Não digo nada, observando mudo,
e a boca fica a descansar calada
Assim me vingo a esperar a noite
com o seu silêncio de poucas palavras
— quem sabe isso vá me trazer um afoite?
E nessa busca de pedras em lavras
eu elaboro a invenção de um açoite
em rimas roucas, tontas, vãs e bravas