SONETO AO AMIGO

No ar, e mais que no ar, n’alma cativa,

No perene presente permanece

Da amizade sincera, expressiva,

Perfume dum jardim quando amanhece.

Num crepitar em roxas o amor ativa

E o borralho do tempo só aquece

A amizade que em lida não esquiva

De amar e dar de si em muita prece

Pras feridas arrebanhadas ao cilício

Até do enfrentamento já passado

Não há melhor remédio ou abrigo.

Merecer, pois, grandioso benefício,

É, a nós, o maior bem já ofertado:

Sentir, ao nosso lado, um amigo!