GRÃO DE AREIA
Sou apenas pétala de uma rosa morta
tão-só fraca brisa desmanchando no ar
simulacro de riso da Moura Torta
pedaços de mi mesmo jogados no mar
No tiroteio da vida pobre cego
arremedo de poeta desprezado
sim, sou esse zero à esquerda, não nego
como anjo pelo céu abandonado
A indiferença, contudo, me ensinou
que se pedras também acham seu caminho
assim ocorre com o homem que vence a dor
E mesmo sendo um grão de areia no chão
talvez simples ramo que forma um ninho
sou um fragmento da mais bela construção