SONETO(017)
Tentadora, teu verde olhar tão amável
Transborda alvóreas águas de saudade,
Qual colo que te ondula, inexorável;
Desconhece a paixão e o teor da bondade.
Julgas-me por meus pensamentos eróticos;
Mas mal sabes o que tu garganteias,
Nem conheces teus pensamentos utópicos,
Que te enfeitiçam, oh humana sereia.
Mas haverás de seguir-me a toda parte,
Quando eu abandonar os teus braços,
Pois não terás tempo de apressar-te
E morrerás só, na forca dos teus laços,
Mesmo se andares com bravura dias inteiros,
Visto que teus pés, não andam tão ligeiros.
Canoa Quebrada- CE, em 19 de janeiro de 1977.