VENERAÇÃO

Veneração

© Lílian Maial

Eu sei do teu amor, e os versos que me ofertas

São pérolas de sonho, doces ventos loucos,

Que nutrem meu furor, nas rimas não tão certas;

E em quadras que componho, te amo como poucos!

Mas sabes tu do ardor, nos meus murmúrios roucos,

Nas noites que me enfronho, indócil nas cobertas?

Ou ages sem pudor, algoz de ouvidos moucos:

E em cárcere enfadonho, em dor, tu me libertas?

Entendes que as distâncias todas me maltratam,

E que essas horas sem ponteiros só me espetam,

Como a banir do rosto as faces que eram minhas?

Deixaste um sol poente, estático, aguardando.

E as pedras solitárias, tristes, lamentando...

A ausência desse amor, razão dessas covinhas!

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