Sou

Sou chão, sou estrada quebrada

Ainda por ser asfaltada

Sou pássaro sem força, caído

Com asas cortadas, coração partido

Sou a fome na barriga do faminto

Entregue às ruas, mendigo

Sou a voz que ecoa no abismo

D’um lugar longe, esquecido

Sou eu aqui, no escuro, sem vela

Sou cavalo manco, perdido, sem cela

Sou tudo que era... que foi e acabou

Sou meu coração perdido, sem mim

Sou pensamento em cabeça de louco

Resgatando a vida, em silencio, pouco a pouco.