Soneto n.85
LÁGRIMA
(a Fernando Pessoa, o poeta amado)
Vem minha lágrima, me afaga.
Vem por aqui, onde tudo flui.
A minha alma abraça e alaga
na mágoa que em tudo influi.
E não há paz, somente chaga;
tamanho vazio que me possui,
fenda aberta pela vil adaga -
vertendo dor do que eu já fui.
Tudo isto é sombra no caminho
a conduzir-me no incerto mundo
pelas veredas em azul-marinho.
Ah! Desce água... afoga a solidão
(arranca-a do coração vagabundo)
ou vem de vez e mata-me a Razão!
Silvia Regina Costa Lima
15 de Julho de 2009
Obs: apenas poesia do meu eu-lírico