Soneto
Minha poesia é de esquecimento,
Amargo verso que saído d'alma,
Rompe a barreira deste desalento
Inconformado que me turva a calma;
A minha lira é puro desengano,
Como a tristeza que oculta a face,
Orvalho e pranto que o passar dos anos
Ungiu de sombras pra lhes dar disfarce;
Todo meu estro é feito de esperanças,
Orgulho e canto que meu ser agita,
Louros sem glórias que trago de andanças;
Irreverente ao que em mim palpita,
Meu verso é sonho que desvaneceu,
A imagem triste do meu próprio eu!