CANTO DE AMOR E LUZ

PARA NELSON NILO FACHINELLI

I

A sorte, Nelson, da vida

humana, iguala a da planta.

Gera-se e cresce florida,

ou mirra e não se levanta.

Uma árvore frondosa,

em ti Deus plantou, irmão:

Sombra e fruto - auspiciosa,

luz perene, inspiração...

De ramo em ramo esgalhado,

no chão úbere, molhado,

foste planta e foste gente.

Quantos, à sombra pousaram,

do fruto se alimentaram,

tendo-te sempre presente.

II

Tendo-te sempre presente

como irmão, exemplo e luz,

como chama que conduz

à inspiração mansamente,

nascem poetas e artistas!

E quantos compositores

compassam ritmos e flores,

ou garimpam ametistas.

Em pouco mais o Brasil,

Leste a Oeste, Norte a Sul,

marcará tua presença!

A POEBRAS que plantaste,

é árvore erguida em haste

que há de esgalhar-se imensa!

III

Que há de esgalhar-se imensa

nos caminhos da cultura

de Fachinelli a figura,

a força, a luz, a presença,

isso aí será eterno!

A POEBRAS vai falar,

no dia a dia cantar

seu canto simples e terno.

Sua voz mansa e suave,

como o gorjeio da ave

fica em nós seguramente.

Da lição de amor e fé,

de paz que ele foi e é,

está plantada a semente.

IV

Está plantada a semente

e aos poucos se multiplica.

É força de ser, e fica

em luz e brilho presente.

Nelson Nilo Fachinelli,

a gloria da POEBRAS

que criaste, em nós se faz

como força. Ergue e impele!

Foste bem o São Francisco,

da poesia e foste o aprisco,

da cultura, força imensa!

O ativismo cultural

faz-se em força, em vendaval,

no amor, no labor, na crença.

V

No amor, no labor, na crença,

que elevam do nada ao tudo,

nós erguemos nosso escudo,

construímos nossa prensa.

Assim o fizeste, amigo,

e por igual ensinaste.

A cátedra em que pregaste

foi a de um santo – e o bendigo.

Foste exemplo e foste voz,

teu todo entranhaste em nós

qual a luz do sol nascente.

É assim o homem grande,

ao morrer, sua luz se expande,

ficam espírito e mente.

VI

Ficam espírito e mente,

do homem que foste entre nós.

Levar-te-emos em pós,

a todo o Brasil, presente.

E que o homem do futuro

saiba e entenda do passado.

Seja bem de seu agrado

sentir-se a este seguro.

E se curve em reverência

aos idos, à experiência,

eternize-os na lembrança.

Perpetue-se a tua luz,

que o tempo ao tempo conduz.

- sai a física presença.

VII

Sai a física presença

do São Francisco da paz,

construtor da POEBRAS,

da CAPORE – amor e crença.

Estaremos na estocada

para levar ao futuro

sua semente - eu o auguro -,

o seu sol, desde a alvorada.

Ele era assim – o trabalho,

foi seu eterno agasalho,

seu pão de amor, sua cota

de culto à posteridade.

E hei-lo agora – luz, verdade,

em termos de nova rota.

VIII

Em termos de nova rota

ao Norte, Nordeste e Oeste.

a POEBRAS voa em frota

e em frota navega a Leste.

Nelson foi bem sucedido

no trabalho de formiga.

Que o diga, que o diga

o Amanhã, favorecido.

A semente em chão de humo

multiplica-se, e em resumo,

são plantas em avenida.

Nelson, pela POEBRAS,

eterna a vida terás.

- Faça-a Deus redefinida!

IX

Faça-a Deus redefinida,

a tua vida na história,

na eternidade, na glória

que aos bons registra a subida.

Nós que ficamos, à frente

o barco conduziremos.

A novos portos iremos,

a replantar a semente.

A vida terrena, Nelson.

por mais que se seja excelso

nos leva os dias, não bota...

Resta que a vida após morte,

aos nobres dê o suporte

que no sepulcro se esgota.

X

Que no sepulcro se esgota,

o luxo e o gozo, a miséria,

todos sabem - é a cota

com que se paga a matéria...

Entretanto, os homens nobres.

como tu, têm luz de encanto:

Sejam ricos, sejam pobres,

cobre-os a glória em seu manto...

Nelson, teu nome é eterno,

primavera, outono, inverno,

a morte, nisto é vencida!

Um dia remoto, longe,

ainda dirão - foi de um monge

do meu irmãozinho a vida.

XI

Do meu irmãozinho, à vida

de monge em missão nas letras

na qual viveu, as pranchetas

do tempo darão guarida.

Erguer-se-á muita ermida

e outros monges pregarão

em nome do meu irmão,

pelos caminhos da vida.

Quando os séculos passarem,

os que o passado amarem

cobrirão seu nome em luz.

Agora vai como um santo,

cantando um doce acalanto

ao abraço de Jesus.

XII

Ao abraço de Jesus,

Nelson, amigo, é o teu agora.

Irás, como em nova aurora,

de vida de paz, sem cruz.

Um anjo sempre à berlinda,

- Porteiro do céu é eterno,

Verão, Primavera, Inverno -,

Saudar-te-á - boa vinda!

E vai conduzir-te ao Cristo

que foi terreno e por isto

sabe de menos e mais...

- Nelson, diz, hoje, és dos nossos,

espírito só, não ossos,

no espaço por onde vais.

XIII

No espaço por onde vais,

amado irmão dos poetas,

a Deus verás e a profetas...

Em anjo o Senhor te faz.

A glória, amigo, isto é a gloria,

perpetuando teu nome,

que o tempo jamais consome,

na cumeeira da história.

Nossos poetas vindouros,

irão te cobrir dos louros

a que a poesia conduz...

Então, ficarás eterno!

Teu tempo sol, nunca inverno,

abra-se em feixes de luz.

XIV

Abra-se em feixes de luz,

seja sempre e mais brilhante

o calor que te conduz

- força ardente, coruscante...

Enquanto vais na subida,

todos, todos passaremos,

eis que a vida é sempre a vida,

vogando paletas, remos...

A glória, irmão, é eterna,

na era antiga e moderna

é Deus que a imagina e faz...

Tempo ao tempo o suceder,

há de ver, certo há de ver,

Fachinelli, a POEBRAS.

SINTESE.

Fachinelli, a POEBRAS

Abra-se em feixes de luz

no espaço por onde vais

ao abraço de Jesus.

Do meu Irmãozinho, a vida

que no sepulcro se esgota,

faça-a Deus redefinida

em termos de nova rota.

Sai a física presença,

ficam espírito e mente

no amor, no labor, na crença.

Está plantada a semente

que há de esgalhar-se imensa

tendo-te sempre presente.

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