SEM RECATO
Qual verso em plena consonância verteria
O caudaloso rio do meu desejo?
Cujas comportas romperam no arquejo
Sob o sol escaldante da luz do dia?
O espírito agitou-se por lenta agonia
Rubores pintaram a face de pejo!
Mas, na contradição o teu amor ainda ensejo
Sem cobranças duma inútil primazia!
Vem e torna-te a persistente parceria
Da paixão traduzida em penosos poemas!
Advindos, da alma, feito preciosas gemas
Da orquestra, uma magistral sinfonia!
Subjuga-me com a devida regalia
De alçar ao longe todos os dilemas!