Sonata em Sol Maior Para a Dona das Manhãs
Sonata em Sol Maior Para a Dona das Manhãs
I Movimento
A luz te busca, se projeta tonta,
pousando leve no teu corpo claro;
te envolve em ouro quando o sol desponta
luzindo em formas de relevo raro.
Um brilho emana quando a luz te encontra
e em ti se exila pra ganhar amparo;
a luz, sem rosto, no teu corpo apronta
a tez aérea que requer reparos.
Ansioso de que a aurora se revele
o sol prepara o dia em tua pele:
Esplêndido arrebol de puro zelo.
Enquanto dormes límpida e despida,
no tom da claridade amanhecida,
o sol reflete a luz dos teus cabelos.
II Movimento
Estão os girassóis adormecidos
e a aurora com saudade de revê-los
desperta o sol que trazes distraído
e esquece de acordar nos teus cabelos.
Em ti qualquer manhã se faz repleta
pois busca nos teus olhos tons azuis.
Os pássaros do bosque fazem festa
ao louro alvorecer que em ti reluz.
Estão os girassóis adormecidos
enquanto um arrebol luzir despido
na tímida manhã que tens no colo.
O dia necessita que despertes
pedindo que, divina, tu ofertes
a luz que dorme dentro dos teus olhos.
III Movimento
Em ti um sol rebelde se dissolve
brilhando delirante em teus cabelos,
cativa claridade em pele e pêlos
que em pálidos relâmpagos te envolve.
O sol que vive em ti possui tal zelo
de forma que te segue onde te moves
pois, mesmo, nesses dias quando chove
na luz do teu olhar irás contê-lo.
Há tanta luz em ti que, na penumbra,
até o teu espelho se deslumbra
corado por sublimes arrebóis.
Eu não sei se és mulher ou querubim,
só sei que quando passas nos jardins
tu causas frenesi nos girassóis.