NO TOPO DO TEMPO

Para jrpalacio ( no tempo do velho campanário )

Se bate o coração, estou na briga,

nem o tempo me tira desse páreo;

rimar amor e dor é que me instiga

a fugir desse velho salafrário!

Há tempos já tranquei-o no armário,

passei as sete chaves no portão;

pra mim o tempo agora é relicário

fechado com concreto num caixão.

Amanhece, a aurora é sempre nova,

nasce outro poeta dentro em mim,

o ontem já desceu na sua cova.

Cada dia em mim é um poema

e como sou compositor chinfrim,

o tempo ainda vem molhar-me a pena!

Soneto decassílabo