EM UMA TARDE
Ouve, a tarde sussurra seus amores,
E o arrebol é um olho avermelhado
Onde o pranto é o douro matizado
Sobre as colinas... Pálidos condores
Aquecem-se ao ninho sonolentos...
As várzeas longas, o descampado,
O rio a rolar pelos serrados...
E eu tudo fitava em meu silêncio...
Talvez fossem visões, sinestesias
Aquelas ilusões, aquelas dores,
Talvez o frio daqueles vis condores
Fosse as tristezas que eu mesmo sentia.
Mas juro, eu fitava aquilo tudo
Com a alma navegando em uma poesia
E um pranto a molhar meus lábios mudos.