MEU OLHAR NÃO GUARDA SEGREDOS

Meu olhar transparente e cristalino.

Autônomo, se quer diz não ou sim.

E se digo sim ou não, se opino,

ele grita a verdade que há em mim.

Meus olhos têm a cor do sol a pino

Tudo mostra, toda luz, começo e fim.

Quando velado espreito, hialino,

Cobiço o proibido e quero-o prá mim.

Ele me entrega, me dedura, justo.

Diz o que eu nego e nega o que eu digo.

Mostra quem sou, lícito e impiedoso.

Assim, desvio o olhar a todo custo,

ponho os óculos de sol, meu abrigo.

...Se desprotegido, minto, receoso.

Jan Câmara - republicação