A CHAVE DA VIDA
Tens as mesmas bordas que tem o céu maiúsculo;
versos cheios de manhãs vertendo continentes.
Tudo escorre dos desvãos das auroras e crepúsculos
que recolhes dos beijados que deixaste na torrente.
Desmancham-se os astros, tombam os céus
em teus sonetos de mel, riso e fada.
De todas as palavras, defende-as como um broquel
antes de gastá-las na tua indizível madrugada.
Meia gota de fonte transborda teu coração;
simples nada, pensamento de pétala diáfana
faz a sombra de uma ausência e pousarão
nos teus pés aves ansiosas numa hora azáfana.
Dez voltas na mais pesada chave e fechas a vida,
escondendo de mim, pra sempre, a palavra perdida.
Para o amigo poeta Odir