É TARDE

É tarde! Tarde e frígido é o vil tempo,

Que envolve a vida, qual negro manto

D'uma noite triste, sem o brilho d'argento

Do luar que alumia, mas não alegra tanto.

Carcome o íntimo da alma pura e singela

Do jovem ser que, esvaiu-se da vida, só...

E das lágrimas, as quais o céu não vela,

Evapora, coitado, ao escaldar a luz do sol.

Vejo a lida, no tempo que, infinito, por ora

É um longe passado deste tarde-presente,

Do corpo vazio de tudo e na dor que arde.

É tarde! Longe está a vida. O ser chora

O vil destempero da jornada insistente,

Pois tudo o que é, foi e o amanhã é tarde.

Porto Alegre- RS, em 26 de julho de 1989.

MAZZAROLO ANGHINONI
Enviado por MAZZAROLO ANGHINONI em 04/07/2009
Código do texto: T1682523
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