Lusco-fusco
Na luz da sala havia escuridão,
mas não por zelo. Era o comedimento
que novas gerações jamais verão;
a vida já foi longa, o tempo, lento.
Memória celular, já não acaso,
notícia de jornal, cheia de acento,
a voz, a vez e a volta ao poço raso;
as noites sem dormir um sono isento.
Nos ciclos e nas eras, queimo, abraso,
alheia ao mundo externo. A alma presa
transita entre o avanço e o atraso;
o homem se adianta à natureza.
Se busco esse sorriso que seduz,
a vida é muito escuro e pouca luz.
Na luz da sala havia escuridão,
mas não por zelo. Era o comedimento
que novas gerações jamais verão;
a vida já foi longa, o tempo, lento.
Memória celular, já não acaso,
notícia de jornal, cheia de acento,
a voz, a vez e a volta ao poço raso;
as noites sem dormir um sono isento.
Nos ciclos e nas eras, queimo, abraso,
alheia ao mundo externo. A alma presa
transita entre o avanço e o atraso;
o homem se adianta à natureza.
Se busco esse sorriso que seduz,
a vida é muito escuro e pouca luz.