VENTO VENTANIA


Ô vento chato, achado de enxerido!
Basta eu do mar me costumar mais perto,
mesmo estando silente o mar deserto,
vem falar floreado ao meu ouvido!

E diz coisas sem coisas, sem sentido,
do meu passado, lido em livro aberto,
de um amor que se foi sem rumo certo,
e que de há muito imaginei perdido!

Ô vento besta, a falador metido,
com cheiros de além-mar, vindo, decerto
pelas rotas do sonho que hei vivido,

segue das ondas o destino incerto.
O que dizes não faz qualquer sentido,
pois do passado há muito estou liberto!

Odir, de passagem