Delirando
à Mário de Sá Carneiro
Nada sou em relação ao meu duplo
Sendo qualquer porta no intermediário
Ponte liga o tédio ao revolucionário
Que vai do estômago ao paladar múltiplo.
Precipitação no abismo quebrando
Na terra em que nada tive de meu
Restando a última fala do plebeu
Necessidade de sair de mim, ando.
Um pouco de brasa nesta triste ária
Pouca vida nesta morte arbitrária
Para fingir no último golpe a dor.
O sombrio medo que cobre esta noite
No sonho infernal o diabo no açoite
Um sofrimento interminável de amor.
HERR DOKTOR