DESLUMBRADA AMANTE

Caminhando pela relva verde, orvalhada,
Pelo sereno que à noite para terra cedeu,
Em troca do calor que esta lhe forneceu,
Para aquecer a sua escuridão gelada.

Sulcos fundos marcam nos sonhos os pés meus
Na grama que à noite restou cristalizada,
Passeando ao raiar do dia, na madrugada,
Como quem pisa, em um mundo somente seu

Tal qual a face da imprudência desmedida,
Arrefece todo ânimo do ermo caminhante,
Ao pisar nos espinhos de sua própria vida.

Todo o cuidado é pouco por esta variante,
De perspicaz enlevo que nos trás seduzida
Como se fora ela sua deslumbrada amante...

Marco Orsi

22.06.2009

Este é o texto número 999, que publico aqui no
Recanto das Letras em 3 anos´...