Aos cegos a razão
Dois olhos de expressões diferentes
Um vê o mundo, o outro é visado
Um enérgico, o outro parado
Rebaixado por mil correntes
Dois olhares, duas mentes
O bom ilude-se, apaixonado
O outro, já mais ajuizado
Reconhece as duas vertentes
É disso que o amor necessita
Da racionalidade de um cego
Pois o amor que por ora palpita
E depois enfarta o saudável
Afoga o mal-acostumado ego
Num mar de dor inviolável