A CORAGEM E O VENCIDO - Soneto

O leão enjaulado perde o viço

Lembrando-se do campo onde habitava

Aumenta-lhe no peito a dor da clava

Qual peixe moribundo em um caniço.

Nos lábios, emudece o seu rugido

E no peito, esmorece a sua garra

Do seu bando, esse forte se desgarra

Morrendo como ovelha sem balido...

Nos sonhos... A opressiva liberdade

Na jaula desse mundo é realidade

E nos lábios, do mudo, o que é sabido:

O forte, por amor, se entrega à morte;

O fraco, sem temor, enfrenta a sorte;

Em ambos, a coragem e o vencido!

Moses Adam

F.Vasconcelos, 16.6.2009