SOPRO DO VENTO


O inverno verbera-me a janela.
O relógio meu tempo vai contando.
Meu senso fantasia os passos dela
que parecem chegar, de vez em quando.

A lembrança nostálgica dá trela
a que eu creia das cinzas no desando.
E me desando a esperar por ela,
nas cinzas o seu vulto procurando.

Acompanho da chuva o movimento.
De repente, seu rosto na vidraça
ganha relevo no pincel do vento!

Enquanto o inverno chora pela praça
saudades choro em meu apartamento,
vendo o passado que por mim não passa.