Pássaro
Não sente pura angústia, o canário
O seu canto tão belo se anuncia
Da gaiola de ouro que a mania
Da chefia pendurou sobre o armário,
Sendo pássaro, não ganha um salário,
Como preso, o pau suja, rebeldia,
Come a couve, usa o bico, mixaria,
Vem o sol e ousa ser um perdulário,
Desperdiça o seu canto sem ouvintes,
Quer abrir as suas grades com o canto
Encontrar liberdade de outro vôo.
Sua grade se abre sem requintes,
A magia acontece sem espanto,
Mas o pássaro olhou...estava no zôo.