PUNHAL DO AMOR

Sempre penso no amor com vaidade,
Pois ele é como uma grande fogueira,
Começa pequena sem muita zoeira,
E também nos consome sem alarde.

Nada pode nos dar maior felicidade,
Podemos chegar a ficar de bobeira,
Outras vezes nos dá uma tremedeira,
E vemos quando caímos na realidade.

Ele chega como um anjo de ternura,
Mas sob as asas esconde um punhal,
E pode nos ferir mesmo com doçura.

Porém abraçamo-lo sem pensar mal,
Num dia bem claro ou em noite escura,
E sem mais, nos apunhala ao natural.

Marco Orsi