UM SUADO PARNASIANO
O suor de minh’alma em decassílabos
toca de leve a lavra em redondilha,
porque nos tantos versos polissílabos
busco mais outra vez essa cartilha.
Rabisco sonhos com dodecassílabos.
Mas, a vida me prende em armadilha,
a ouvir somente raros monossílabos
em vasta solidão que mais me humilha.
Assim, nesse viver tão paranóico,
já nem sei se o que mais me maravilha
é de verdade aquele verso heróico...
Talvez, seja pra usar a sapatilha
que possa agradar um senhor estóico,
que nem vê porquê meu ego fervilha.