O Bigode

Portava na face um bigode chinês
Nos olhos trazia uma luz diferente.
Semblante marcado por rugas na tez,
E um jeito bem nobre, porém displicente.

Esteve na guerra e contou certa vez
Que a dor de matar, só quem mata é que sente.
Porém revelou, ao olhar, aridez.
Sua voz é serena, num tom diferente...

A vida depois com sentido diverso,
Andar resoluto persegue o seu alvo,
E em seu coração ele guarda a esperança.

Sozinho ele enfrenta esse mundo perverso,
Somente o bigode de quando foi salvo
Carrega consigo, com tanta pujança!

***


O Bigode II


Portava orgulhoso um bigode chinês
daqueles que dobram na curva da face.
Lembrava o bigode de um gato siamês
De olhos bem verdes, qual folha de alface.

Passando chapinha três vezes por mês,
Cuidava do mesmo, a temer que amassasse.
O antigo barbeiro, num gesto cortês
Tacava-lhe enfeites pra dar maior classe

Fazia massagem com mui brilhantina
E a luz refletia pra longe seu brilho
Na triste ilusão de esconder a careca.

Com tanta vaidade, tal qual u'a menina,
pegando seus fios, com zelo, qual filho...
Se houvesse uma bola, jogava peteca.


Diana Gonçalves
Edir Pina de Barros
Elïscha Dewes
Fiore Carlos
Paulo Camelo

 

Oficina de Sonetos - Criações Coletivas

Foto Google

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 11/06/2009
Reeditado em 11/06/2009
Código do texto: T1644350
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.