Duas janelas, duas pessoas
Sinto falta de uma pequena morena
Tão menina, tão mulher
Doce, delicada e serena
Só se deixa ver quando quer
O lugar onde ela mora, não fica tão longe daqui
Da sua casa, em meia hora avistamos o mar
Na beira de uma Serra, e com o calor que faz aqui
Ah, como deve ser bom por lá morar
Uma rodovia se ver de sua janela
Carros, ônibus e caminhões passam
Sentada, os observa passarem por ela
Com tudo isso que ela tem, o que será que ela está sentindo
Nesse momento aqui fico eu pensando
Será que ela está chorando ou está sorrindo?
Não sei se ela ainda sente, falta de alguém
Tão homem, tão menino, tão triste e sozinho
Mas que de vez em quando ela o trata com desdém
E às vezes sente falta, é de um pequeno carinho
Onde eu moro, da casa dela não é tão longe de chegar
Daqui também vejo uma Serra, mas não é a do Mar, e sim o da Cantareira
E assim como lá, aqui também é bom de morar
De vez em quando pego uma laranja e sento embaixo de uma amoreira
Da minha janela apenas escuto, não posso ver a rodovia
Os carros, ônibus e caminhões passam,
Misturados a cantos de pássaros, que me enchem de alegria
Com tudo isso que eu tenho, fico muitas vezes a me perguntar
Neste momento não sei se ela está pensando, o que eu estou sentido
Será que devo voltar a sorrir ou continuar a chorar?