O céu dos Inocentes
Espalhado no campo o fogo abre
Sua rota e remove do caminho
O capim seco e áspero de espinho
Sem trabalho, sem foice ou mesmo sabre.
Sendo luta fazer-se uno o calabre,
Que na agulha até passe de fininho,
E que o rico no céu vá de mansinho,
Este céu letal tal qual o cinabre,
Onde pobres só entram para labuta,
Pela entrada de trás, silenciosos,
Com os olhos atentos, anuentes,
Esperando pegar sem mais disputa
Sua parte no bolo, prestimosos,
E que o céu seja aqui, dos inocentes.