UM OLHAR E UM SORRISO


Vida malsã, que tanta cena eleva
como se fora de eternal blandície,
caminhos planos em floral planície,
esperança de luz em plena treva.

Desdita temporã, sina maleva,
sonhos de moço, máxima estultície
que aflora mágoas, traz à superfície
tristes lembranças que do amor se leva.

Teu rosto acusa, vejo no meu rosto;
fingir já não precisas, nem preciso:
nós somos solidão e desencanto.

A indisfarçável marca do desgosto
que nasceu de um olhar e de um sorriso
no tempo entristecidos pelo pranto.

Odir, em passagem noturna domingueira