APOLOGIA AO ÓCIO
Eu já nasci póstumo e revoltado,
com esse mundo cruel e tão injusto.
Pra trabalhar eu já nasci cansado;
pra comer e dormir nasci robusto.
Mas pra viver feliz e sossegado,
é preciso dinheiro a todo custo,
e lá vou eu trabalhar contrariado,
como quem cai no leito de Procusto.
Se atendesse, um Gênio, o meu desejo,
eu lhe pediria, aproveitando o ensejo,
bastante sombra, comida e água-fresca.
E nessa ilha de sonhos, uma paixão,
pra eu cair todo dia em tentação,
na indolência da vida nababesca.