Trilogia para Eva

Trilogia para Eva

(Minha querida mãe)

Tere Penhabe

I

Nos braços rudes que a morte estendia,

A lhe ofertar o exílio preparado,

Não mais que lentamente, ela fugia,

De tudo que já havia suportado.

Na minha face, tímido, escorria,

A contragosto, pranto malogrado,

Que por saber do que ela não sabia,

Seu fim não me causava desagrado.

Que é feito dos teus olhos, mãe querida?

Porquanto não me estendes tua mão...

Por que não lutas, como já fizeste?

- Só se deve lutar para ter vida!

E vida já não tem, meu coração... -

Foi a aflita resposta que me deste.

II

E aquele abril... Meu Deus! Ficou tão triste!

E entristeceu o manacá também,

O sino badalava com desdém,

Naquelas tardes, quando tu partiste.

Eu lembrava teus risos... Quanto riste!

Como doía ter que viver sem!

Saber que estavas tão longe, no além,

Que para entrar ninguém jamais insiste.

Os colibris sentiram tua ausência,

A avenca lentamente foi morrendo,

As rosas rubras não sobreviveram...

E eu suportei, não foi por displicência,

Foi só para continuar vivendo,

Das novas esperanças que nasceram.

III

E hoje que os anos já se amontoaram,

Que nada aconteceu como eu pensei,

Aos subornos da vida eu me curvei,

E as velhas dores, muitas se afastaram.

Mas as saudades não me abandonaram!

E dores novas, tantas, eu passei!

Ah... Quantas vezes, mãe, eu te chamei!

Meus brados se perderam, se calaram.

Porque compreendi, oh mãe querida,

Que nada podes mais, fazer por mim,

Descansa em paz, então, até um dia...

Que ao renascer na verdadeira vida,

Contigo eu estarei e sem ter fim.

É a crença que da minh'alma irradia.

Santos, 31/05/2009

www.amoremversoeprosa.com

http://artculturalbrasil.blogspot.com/2009/01/terepenhabe.html