A FIM DE PRESERVAR-ME



 
Do amor que me inspiras extingo os vestígios
  N’águas, pela desconfiança, lamacentas!           
Lacunas a surgirem sob as tormentas
Desses tantos desencontros e litígios!
 
Quanto vale se, no presente, lamentas
Ou trazes o frescor puro dos alísios?
Podes transformar as marcas de suplícios
E retirar da pele as máculas cruentas?
 
Confiar? Se na turbulência te ausentas?
Deixas-me, pois: feita de amargor e desvario!
Sou sombra e a luz me causa fremente arrepio
 
Úmidos vendavais... nuvens agourentas
Que se desfazem acanhadas e lentas
Traduzindo-me a dor do espírito vazio!