SONETO PARA UM SONHO
Direi do sonho, enigma da mente,
mistério abstrato, que o poeta canta.
Às vezes, desejo, incandescente,
noutras, magia, sedução que encanta.
Sob a calma lua, cúmplice obscena,
passeia a alma inexplicavelmente nua,
paz de um fascínio, sede serena,
como se amasse na dormente rua.
Ao fim da jornada, exausta e vazia,
descansa, enfim, a alma fatigada,
transbordante de amor e fantasia.
Sozinha à margem da cabeceira,
sacode o corpo de alma enganada:
foi uma luz de ilusão passageira.