SONETO(011)
Os sabiás-laranjeira gorgeiam cantos,
Em revoadas, sobre os ricos pareirais,
Mas é nas gaiolas presos, em prantos,
De olhos perfurados, que cantam mais.
Queria ser essas aves que, em homenagem,
Mesmo, da natureza, sós e destronados,
Contemplam-te querida, feliz saudade,
Desde o novo e triste trono: engaiolados.
Fosse eu esses sabiás-laranjeira saudosos,
Que acarinham, de leve, tuas sensitivas
Ao sussurrarem música de amor ao vento;
Fosse eu esses belos, nobres e prazerosos
Pássaros que aquecem tua alma gélida,
Para enfim, receber amor, não desalento.