A tulipa negra
Sob o sol ou sob a chuva, indica ao passante o rumo,
Negra flor que nem altiva, nem intrépida desponta
Entre o frívolo canteiro da mundana iridescência
Que sufoca seu advento, despetalando-a em afronta.
E nenhuma jardineira vem prestá-la reverência.
Tampouco será presenteada a uma jovem dama.
Nem mesmo os colibris vêm saborear seu doce sumo;
Em sua haste, nem aranhas vêm tecer delas a trama.
Chora, pois, inaudível, mas em plena primavera,
Pelo verdor ignorada, envolta em daninhas heras,
Sua curta existência de desconcertos acúmulo.
Mesmo sublime na Terra e sendo dos Céus o arauto,
E de valor mal suspeitado ante os louros dos incautos,
Esta flor, nem desejastes deitá-la sobre o teu túmulo!