DUPLICIDADE


Tu partiste de mim, e me partiste,
comigo só ficou minha metade,
o lado meu que é quase sempre triste,
o lado que só vive de saudade.

Essa saudade que somente existe
porque te concebi duplicidade:
a que ficou, no dia em que saíste,
meio mentira e meio de verdade.

O triste lado meu, e a parte tua,
conversam coisas que o silêncio escuta,
enquanto a minha espera continua

nessa incessante e perenal disputa
entre o ser e o não ser, onde flutua
a tua imagem una e absoluta!

Odir, de passagem