ESPELHO DO EGO

Foi um espelho cruel que de mim fez,

o abnóxio, herético e sempre omisso.

Quanto mais me procuro mais abisso,

e mais contemplo a minha hediondez.

No ectópico viver, assim mortiço,

e abdicante da própria lucidez,

hebdômadas evolam; Vai-se o mês,

nas labaredas do tempo, que eu atiço.

Jamais perdôo a minha iniqüidade...

Em conúbio com a efemeridade,

sou uma lêmure, que sob a luz solar;

Nessa matéria, assaz corruptível,

vive a galgar um muro intransponível,

tentando um vôo que nunca pôde alçar.

Ravatsky
Enviado por Ravatsky em 25/05/2009
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