ESPELHO DO EGO
Foi um espelho cruel que de mim fez,
o abnóxio, herético e sempre omisso.
Quanto mais me procuro mais abisso,
e mais contemplo a minha hediondez.
No ectópico viver, assim mortiço,
e abdicante da própria lucidez,
hebdômadas evolam; Vai-se o mês,
nas labaredas do tempo, que eu atiço.
Jamais perdôo a minha iniqüidade...
Em conúbio com a efemeridade,
sou uma lêmure, que sob a luz solar;
Nessa matéria, assaz corruptível,
vive a galgar um muro intransponível,
tentando um vôo que nunca pôde alçar.