Paralaxe hipotética

Adeus soneto! Vai comigo uma saudade.
Eu, de partida, já nem sei o que dizer,
enquanto espero o alvará de liberdade,
desta prisão, onde me vi a florescer.

Como um amante, que não dura eternamente
porém, nos dá grandes momentos de prazer,
provaste ser um companheiro bem ardente:
nos leva ao êxtase, a loucura de escrever.

As minhas rimas já se vão empobrecendo;
minguam reservas de figuras de sintaxe.
Vocabulário? Esgotei o cabedal!

Sobre medidas, a noção ando perdendo;
pouco me ajuda, recorrer à paralaxe...
Guarda em teu eixo, o meu adeus sentimental.

Nilza Azzi


nilzaazzi.blogspot.com.br