SILÊNCIO



Nada sei do que sou, sem ser mais nada
no deserto das ruas populosas.
Falas desprezam minha voz calada,
roseiras riem para mim nas rosas.

Mas meu sorriso é triste na chegada
e logo parte em preces lastimosas
para encontro nenhum, nalguma estrada
noutecendo nutantes nebulosas.

Um silente não ser, como atributo!
O não ser do que sou tornado imenso!
O som do nada, sonso, absoluto!

Meu silêncio no nada é tão intenso,
que faz-me ouvir o que já não escuto
e me faz escutar o que não penso.

Odir, de passagem dominical