SONENTOS DE ADEUS
1 - A PARTIDA
22-05-06 - 18h15.
Os olhos do pensamento
enxergam coisas incríveis.
Eu me sinto entre dois níveis:
um e cem. São meus “por cento”?
Bate o sol e sopra o vento,
eu reparo uma vez mais.
Seriam meus cabedais
no doído pensamento?
A estrada é longa, e eu, cansado,
ando dormindo acordado,
sinto temor ao que vem.
Aproxima-se a partida,
não deixo ninguém na vida,
Nem me acompanha ninguém...
2 - A ALMA DE FANTASISTA
22-05.06 - 18h40
A fornalha está acesa,
há calor, brasa à vontade...
Ninguém entende a leveza
de meu final de saudade.
Vou indo, adeus! Nunca mais!
Houve um começo, há um fim.
Vão comigo os cabedais,
não fica nada de mim...
Esta poesia simplista,
apaga como me apago,
solitária, sem ser vista...
A alma de fantasista
morre no simples e vago
sem inventário e sem lista...
3 - ROGO FINAL
22-05.06 - 17h3
Por Jesus, não me sepultem,
não quero meu fim à argila...
Eu quero a chama. A centelha
do sol que morre comigo...
Soltem-me as cinzas ao vento,
na fazenda onde nasci.
Se há alma, se há Deus, eu creio,
minha mãe vem receber-me...
É deixar que o tempo role...
Quem sabe, um ponto de cinza,
gera acaso uma semente...
Quem sabe, algum passarinho,
Vem cantar no alto da árvore
E com ele minha alma...