ENTRE O REAL E O ABSTRATO


Sou poeta do amor e verso a vida,
traçando em temas tristes meu retrato,
com minh’alma pra sempre dividida
entre o mundo real e o abstrato.

Eu sou chegada em plena despedida
do vazio das juras sem contrato.
Personalizo a página esquecida
do que não fui, sequer no anonimato.

Sou cantor da saudade que convive
com minha sombra, a lhe servir de asilo,
um ser passado que o presente vive.

Mourejando nas mágoas que destilo,
sou poeta do amor que nunca tive,
mas que sonha, algum dia, possuí-lo.

Odir, de passagem.