LAR, DOCE LAR
LAR, DOCE LAR
A mãe, dona de casa, se atrapalha;
entre mil afazeres vai, se agita.
Enquanto com seus filhos ela ralha,
já na mansão madame corre aflita.
As empregadas chama, mostra a falha
e com todos reclama, "picha", grita,
sem ver que lá na esquina a vil gentalha
vive sob papelão que a casa imita.
Amigo, se tu tens comida e um canto,
esquece as suas mágoas, cessa o pranto,
que a Vida nos dá mais que merecemos.
Pois há gente dormindo na calçada,
sem lar, sem pão, sem leito e fé... sem nada,
enquanto imaginamos que sofremos.
"NATO" AZEVEDO