Soneto
Não te nego apenas as sombras dos meus gestos.
Sobretudo, nego-te o meu perdão.
Que teu bálsamo seja teus próprios restos,
Embriagando tua loucura em meio à solidão.
Castigo maior por maltratares um pobre coração!
Quando dormires, quem sabe, recite sonetos,
Que fale de anjos sem cor e de quadros pretos,
Fontes de abrolhos, que te resta como ilusão!
Sobretudo, sentirá do meu amor, imenso, a falta.
Que eterno seja teu sofrimento, doendo bem fundo;
Sem refúgio e sem abraço na noite alta.
Busque e não encontre o meu amor por todo o mundo
Porém, quando não mais suportares a minha falta
Lembras que tu abandonaste um amor profundo