Sonetos Decassílabos
São sonetos que devem conter 10 (dez) sílabas poéticas em todos os quatorze versos de sua estrutura, o que justifica e explica a sua denominação.
Capitu, naturalmente
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Tuas sementes planto aqui em versos,
Tanta beleza induz-me à tortura,
Profundo espinho na pele imerso.
Oh! flor do céu! oh! flor pura e cândida!
No teu olhar, fascínio deslumbrante,
Paixão que vejo de forma tão lânguida,
Exponho-me ao front de guerra lancinante!
Nessa trincheira, coração ardente,
Verve exultante nesse estranho ninho,
Lança-se um grito, disfarce à navalha,
Rasga-se a pele em aço resistente,
Corpo ferido e alma em desalinho,
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
Assim percebo a mim
Eu nunca temo o inevitável,
Porque acato o que é impossível,
Voo nas asas do inexequível,
Assim, percebo a mim, inesgotável.
Poeta, traio de maneira afável,
A minha vã filosofia é incrível!
Porque acato o que é inadmissível.
Assim, percebo a mim, inconsolável,
E o que sinto é incomensurável.
Evito a morte, pois ser desprezível.
Com a poesia, fruir aprazível,
Rebato a foice e o crime incontestável.
Voo nas asas do infactível
E assim, percebo a mim, inteligível.
Trovador
Canta o amor distante, ainda esperança.
Fala do estar só, de viver lembranças.
Grita alto e forte, a dor de esperar.
Chora e libera, o teu sufocar.
Lágrima febril, mote de soneto,
Dá o grito primal, expele o teu medo.
Sente a brisa quente a soprar do mar,
Canta trovador, queremos sonhar!
Refaz teu sofrer e os teus desalentos,
Gorjeia pra nós todos os tormentos,
Goza o prazer da promessa finda,
Dissipa a ilusão da distante vinda,
Conta para nós com quem se encantou,
Queremos sonhar, canta Trovador!
Brisa fera
Bates de frente ao Schoonenborch.
Como fantasma voas e dás suporte.
Afagas com carinho nossas peles.
Ninguém melhor que a cidade zele,
Mantendo Fortaleza apreciável.
Tua presença é assim inestimável,
Pois suavizas os raios do sol quente,
Tornando essas paragens atraentes,
Trazendo mais felicidade à gente,
Encantas todo o nosso continente.
Ao afastar o calor de forma prática,
Tu tornas Fortaleza emblemática,
De aragem fresca, leve e alvissareira,
És brisa fera que a faz primeira.
Volúpia de um colibri
Um colibri perdido de paixão
Beijou uma flor e transfiguração!
À uma armadilha, a flor levou-o,
Ofereceu-lhe um néctar que o sugou.
Enquanto ele sorvia, transmudou-o.
E às pétalas brancas arrojou-o.
Torpor dionisíaco congelou-o.
E a essência floral incorporou-o.
Perfume forte fê-lo embriagar-se
Impediram-no que à tona retornasse.
Suas cores fixaram-se nas cores
Da belíssima flor de mil olores;
Orquídea deslumbrante em resplendor,
Absorveu-o, fria, em estupor.
Tarde demais
Tão perto eu sinto a tua presença,
E a angústia em mim da tua ausência,
Sombreando a rua, intensamente,
Seca-me a boca, amargamente.
Faces cansadas, estranhas, suadas.
Mil cicatrizes nas costas riscadas.
Dores de parto em chorosas partidas.
Vidas vividas e mal repartidas.
Grito para o mundo então em versos,
Em prosa, em canto, em pensar reverso,
Intenso querer, causa-me paixão,
O frescor do ar, parece-me em vão.
Amar tanto a ti, leva-me à loucura,
É tarde demais, resta-me a agrura.
O que já simples é
Descomplicando o óbvio de se ver,
Vou caminhando a pensar nas estradas
Que percorri e um dia vou viver.
Esvaem-se os esgotos nas calçadas,
E o cheiro fétido invade-me as narinas,
Só complicando o que já simples é.
Qual esgotada de sofrida sina,
Sofre a minh' alma minando-me a fé.
Recebo a luz dourada desse sol,
E a sós, à tarde, curto o arrebol,
Aspiro ao vento e ao Chi, forte alimento.
Já não tenho mais sonhos, reivento-os.
Refaço-os em nuvens, num balé,
Descomplicando o que já simples é.
Novos temas
Pela riqueza tira-se a vida,
O genocídio, por pseudo-causa,
Denegrida a psique por tantos traumas.
Malgrado a lei, não há contrapartida.
E há nas arquibancadas, quem aplauda.
Pois estes na sua vida buscam a glória
E fazem parte ativa da escória
Que arranca de suas mães a sua calma.
No social, delitos de exclusão.
O crime organiza a nação.
A nossa Terra antes sombra e abrigo,
Agora é risco em alto grau, perigo!
O coração sangrando em dilema
Anseia com pesar por novos temas.
São sonetos que devem conter 10 (dez) sílabas poéticas em todos os quatorze versos de sua estrutura, o que justifica e explica a sua denominação.
Capitu, naturalmente
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Tuas sementes planto aqui em versos,
Tanta beleza induz-me à tortura,
Profundo espinho na pele imerso.
Oh! flor do céu! oh! flor pura e cândida!
No teu olhar, fascínio deslumbrante,
Paixão que vejo de forma tão lânguida,
Exponho-me ao front de guerra lancinante!
Nessa trincheira, coração ardente,
Verve exultante nesse estranho ninho,
Lança-se um grito, disfarce à navalha,
Rasga-se a pele em aço resistente,
Corpo ferido e alma em desalinho,
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
Assim percebo a mim
Eu nunca temo o inevitável,
Porque acato o que é impossível,
Voo nas asas do inexequível,
Assim, percebo a mim, inesgotável.
Poeta, traio de maneira afável,
A minha vã filosofia é incrível!
Porque acato o que é inadmissível.
Assim, percebo a mim, inconsolável,
E o que sinto é incomensurável.
Evito a morte, pois ser desprezível.
Com a poesia, fruir aprazível,
Rebato a foice e o crime incontestável.
Voo nas asas do infactível
E assim, percebo a mim, inteligível.
Trovador
Canta o amor distante, ainda esperança.
Fala do estar só, de viver lembranças.
Grita alto e forte, a dor de esperar.
Chora e libera, o teu sufocar.
Lágrima febril, mote de soneto,
Dá o grito primal, expele o teu medo.
Sente a brisa quente a soprar do mar,
Canta trovador, queremos sonhar!
Refaz teu sofrer e os teus desalentos,
Gorjeia pra nós todos os tormentos,
Goza o prazer da promessa finda,
Dissipa a ilusão da distante vinda,
Conta para nós com quem se encantou,
Queremos sonhar, canta Trovador!
Brisa fera
Bates de frente ao Schoonenborch.
Como fantasma voas e dás suporte.
Afagas com carinho nossas peles.
Ninguém melhor que a cidade zele,
Mantendo Fortaleza apreciável.
Tua presença é assim inestimável,
Pois suavizas os raios do sol quente,
Tornando essas paragens atraentes,
Trazendo mais felicidade à gente,
Encantas todo o nosso continente.
Ao afastar o calor de forma prática,
Tu tornas Fortaleza emblemática,
De aragem fresca, leve e alvissareira,
És brisa fera que a faz primeira.
Volúpia de um colibri
Um colibri perdido de paixão
Beijou uma flor e transfiguração!
À uma armadilha, a flor levou-o,
Ofereceu-lhe um néctar que o sugou.
Enquanto ele sorvia, transmudou-o.
E às pétalas brancas arrojou-o.
Torpor dionisíaco congelou-o.
E a essência floral incorporou-o.
Perfume forte fê-lo embriagar-se
Impediram-no que à tona retornasse.
Suas cores fixaram-se nas cores
Da belíssima flor de mil olores;
Orquídea deslumbrante em resplendor,
Absorveu-o, fria, em estupor.
Tarde demais
Tão perto eu sinto a tua presença,
E a angústia em mim da tua ausência,
Sombreando a rua, intensamente,
Seca-me a boca, amargamente.
Faces cansadas, estranhas, suadas.
Mil cicatrizes nas costas riscadas.
Dores de parto em chorosas partidas.
Vidas vividas e mal repartidas.
Grito para o mundo então em versos,
Em prosa, em canto, em pensar reverso,
Intenso querer, causa-me paixão,
O frescor do ar, parece-me em vão.
Amar tanto a ti, leva-me à loucura,
É tarde demais, resta-me a agrura.
O que já simples é
Descomplicando o óbvio de se ver,
Vou caminhando a pensar nas estradas
Que percorri e um dia vou viver.
Esvaem-se os esgotos nas calçadas,
E o cheiro fétido invade-me as narinas,
Só complicando o que já simples é.
Qual esgotada de sofrida sina,
Sofre a minh' alma minando-me a fé.
Recebo a luz dourada desse sol,
E a sós, à tarde, curto o arrebol,
Aspiro ao vento e ao Chi, forte alimento.
Já não tenho mais sonhos, reivento-os.
Refaço-os em nuvens, num balé,
Descomplicando o que já simples é.
Novos temas
Pela riqueza tira-se a vida,
O genocídio, por pseudo-causa,
Denegrida a psique por tantos traumas.
Malgrado a lei, não há contrapartida.
E há nas arquibancadas, quem aplauda.
Pois estes na sua vida buscam a glória
E fazem parte ativa da escória
Que arranca de suas mães a sua calma.
No social, delitos de exclusão.
O crime organiza a nação.
A nossa Terra antes sombra e abrigo,
Agora é risco em alto grau, perigo!
O coração sangrando em dilema
Anseia com pesar por novos temas.