BEIJO AO PAI (22)
 
Após firmar o nome e o endereço,
Envelopando o pranto que transcrevo,
Com a saliva, aos selos umedeço,
Como fosse aquele beijo que eu devo.
 
Tenho de vós todas as cousas de um berço,
Feito em espírito, pois o outro foi o enlevo
Que fez o encantamento que mereço...
Volver minha mente a vós, que a tudo devo,
 
Não é mais que declarar o amor confesso
Desd’a vida, nesta carta que ora escrevo,
E da distância em mar que jamais meço...
 
Mas em meus sonhos, isso lá’inda me atrevo,
Pois todos dias, por vós tanto que eu peço,
Que bons anjos m’abreviam os tempos evos.
 
De Fernanda (já no Brasil) para o pai que permaneceu na Ilha da Madeira.
 
José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 17/05/2009
Reeditado em 18/05/2009
Código do texto: T1599110
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