MELANCOLIA


Conceda-me falar da minha desilusão
Embora, a palavra, tristeza não expresse!
E tampouco, o ensombrecido olhar confesse
O cansaço... por tanto te esperar em vão!


Rendi-me com a volúpia e a sofreguidão
Qual a bela manhã que logo entardece!
E a esperança dum futuro não houvesse
No cambaleante rumar para a solidão!

Nesse outono, tomada de franca intuição
Prevejo a falta daquilo que enternece!
Sem calor, a alma violada desaquece


No mutismo dorido da contemplação!
Enrodilhando-se num coercitivo grilhão
Guarda a parceria do céu que anoitece!